07/08/2011

Carro elétrico terá caminho longo e difícil até chegar ao Brasil

Indústria aguarda incentivos públicos, enquanto implantação de infraestrutura é lenta

Rodar 160 km com um carro elétrico na cidade de São Paulo custa, em média, R$ 5,28. Esse é o valor dos 26,4 kW/h necessários para recarregar as 48 baterias de laptop que alimentam o motor de um Nissan Leaf, por exemplo. Percorrer a mesma distância em um veículo a álcool, com consumo de 16 litros de combustível a R$ 1,80 por litro, custaria R$ 28,80.

Ao andar em um carro elétrico, o motorista praticamente se livra da responsabilidade por qualquer gás poluente. Substâncias como monóxido de carbono, dióxido de carbono - considerado o principal causador do aquecimento global - e óxido de nitrogênio, que provoca chuva ácida, deixam de sair pelo escapamento (que, aliás, não existe). Isso é especialmente verdade em países cuja geração de energia se dá por fontes consideradas limpas, como a hidrelétrica, predominante no Brasil.

Se as vantagens são tão claras, por que nós, brasileiros, não estamos alegremente enfrentando congestionamentos em carros elétricos, que não poluem, não produzem ruído e são mais baratos de manter? As respostas são muitas, mas podem ser divididas em dois principais pontos: preço e infraestrutura. Nem mesmo as medidas de incentivo anunciadas na terça-feira (2) pela presidente Dilma Rousseff mudará esse quadro em médio prazo.

Financeiramente inviável

Hoje, um carro elétrico, como o Leaf ou o Mitsubishi MiEV, não custaria menos do que R$ 100 mil no Brasil. Isso porque esses veículos, naturalmente mais caros por causa da tecnologia embarcada, enfrentam uma carga tributária digna de modelos de luxo e não contam com qualquer incentivo governamental.

De acordo com o gerente de engenharia da Nissan Yochio Anderson Ito, responsável pela apresentação do Leaf em São Paulo, sem esse "empurrãozinho" das autoridades, não dá nem para pensar em vender o carro elétrico no Brasil.

- Precisa de apoio do governo para viabilizar, não há dúvida.

Não se perca nas contas. O carro elétrico que por ventura chegasse ao Brasil pagaria 35% de imposto de importação e 25% de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - fato difícil de ser explicado, já que os modelos 1.0, que poluem a atmosfera, pagam apenas 7% -, além de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e PIS/Cofins, cobrados de todos os veículos zero-quilômetro.

Caso o tal "empurrãozinho" do governo ocorresse, quanto custaria, então, um carro elétrico por aqui? Segundo o supervisor de engenharia e planejamento da Mitsubishi Motors, Fabio Maggion, a isenção do imposto de importação e a redução do IPI e dos demais tributos viabilizariam o Miev por preços que rodariam a casa dos R$ 50 mil ou R$ 60 mil.

- É um valor que já fica bem mais atraente para o consumidor, principalmente levando em conta a economia com combustível e manutenção.

E como nenhuma montadora pretende vender carros elétricos apenas para ser "boazinha", o preço viável é condição necessária para a criação de mercado consumidor. Os carros elétricos só chegarão ao Brasil se houver pessoas que os comprem. Saiba mais.


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