A economia do Brasil cresceu 9% entre janeiro e março deste ano, o que mostra o bom desempenho do país frente à crise internacional. O avanço pode ser comparado com o da China, cujo PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas) subiu 11,9% no primeiro trimestre.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que divulgou os dados nesta terça-feira (8), essa é a maior variação das riquezas do país desde o início da sua série histórica, em 1995.
Para Carlos Alberto Safatle, presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia) e professor da PUC-SP, essa recuperação da economia brasileira foi puxada pelo consumo interno e pelos incentivos do governo. Esses dois fatores ajudaram a elevar o crédito, aquecer a indústria e aumentar a produção, o que gerou empregos e ampliou a renda.
- Se você considerar que estamos no meio de outra crise, que afeta a Europa, esse número é fantástico. Quando falamos em crescimento chinês é porque a China é o país que está segurando o consumo mundial, junto com a Índia, enquanto os EUA já não conseguem absorver o consumo. E o Brasil está entrando com a sua cota, é bem menor, mas em termos de crescimento, é muito bom.
A indústria foi a grande responsável pela ampliação da produção das riquezas nacionais. Do primeiro trimestre do ano passado para cá, o setor teve um crescimento de 14,6%. Os serviços aumentaram sua produção em 5,9%, puxados pelo comércio. A agropecuária voltou a crescer (5,1%) após um ano inteiro de perdas.
Projeções de bancos e consultorias econômicas apontaram no mês passado que o Brasil poderia ter o segundo maior crescimento econômico entre os países. A Índia, que também apareceria no topo, cresceu 8,6% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2009.
O dado do IBGE também compara o crescimento do primeiro trimestre com o dos últimos três meses de 2009. O avanço foi de 2,7% - acima do que previam os analistas ouvidos pelo R7. Esse dado é importante porque serve de baliza para o avanço do país neste ano.
O Banco Central e o governo falam em uma alta de 6,6% em 2010, o que já serviria para colocar o país entre os que mais cresceram no mundo. Se repetidos durante os outros três trimestres, este crescimento de 2,7% poderia somar algo entre 10% e 12% no ano.
O economista Bernardo Wjuniski, da consultoria Tendências, afirma que isso só não deve se repetir devido ao fim dos incentivos ao consumo e à alta das taxas de juros no país. Ele diz que a indústria deve produzir menos a partir de agora para se adaptar à queda no consumo.
Países desenvolvidos
O Brasil bateu até os países desenvolvidos nestes primeiros três meses. A economia dos EUA registrou alta de 3,2% no primeiro trimestre na comparação anual. O Japão subiu 1,2% na comparação com o quarto trimestre de 2009.
Dados da Eurostat (Agência de Estatísticas da União Europeia) mostram que a zona do euro, como um todo, e a União Europeia saíram da recessão, com avanço de 0,5% e de 0,3%, respectivamente, de um ano para cá.
A Alemanha, maior economia europeia, teve aumento de 0,2% em seu PIB. A Espanha cresceu 0,1%. A França também subiu 0,1% entre janeiro e março. A Itália surpreendeu os especialistas, crescendo 0,5%.
Dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram que, no ano passado, enquanto o mundo ainda tentava sair da crise, o Brasil teve o sexto melhor desempenho econômico. O recuo de 0,2% no PIB brasileiro ficou atrás só dos crescimentos econômicos de China (8,7%), Índia (5,6%), Indonésia (4,5%), Austrália (2,7%) e Coreia do Sul (alta de 0,2%).

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