07/06/2010

Chaves x Chiquinha: briga na Justiça

O autor e ator Roberto Gómes Bolaños, mais conhecido como Chaves, processou outra vez a atriz Maria Antonieta de Las Nieves, a Chiquinha. Os dois brigam desde 1995, quando Bolanõs entrou na Justiça contra Maria Antonieta, por ela ter registrado a personagem Chiquinha em seu nome. Ele alega ser o criador de todas as personagens do seriado Chaves (“El Chavo del Ocho”), sucesso retumbante da teledramaturgia mundial. Já a atriz, que faz turnês como Chiquinha pela América Latina se apresentando em teatros e circos, chama para si a responsabilidade pela criação da menina das pintinhas no rosto e do choro esganiçado. "Eu continuarei lutando pelos meus direitos. Preciso trabalhar para pagar os advogados no processo", declarou ela.

O desentendimento entre os dois acaba afetando também aos fãs (tô no bolo) da série, como no caso da coleção de bonequinhos da Mc Donald’s que saiu desfalcada da Chiquinha, ponta de lança imprescindível. O que houve? Bolaños esqueceu-se de renovar o direito sobre a personagem, em 1995, e Maria Antonieta abocanhou. Na época, ele iniciou um processo para reaver o direito, mas entrou em acordo com a atriz e cedeu sua parte. Desde então, tem que negociar com ela a utilização da Chiquinha em atividades extracurriculares, digamos assim. Agora, o autor mexicano, também conhecido como Chespirito (= pequeno Shakespeare), recorreu à Justiça dos homens mexicanos outra vez.

Eu adoro o Chaves. Eu e toda a torcida do BA x VI. Mas gosto de Chaves da mesma forma que torço pelo Santos Futebol Clube: de uma maneira exageradamente pessoal. Explico: torço pelo Santos desde pequeno. Quem fizer as contas notará então que eu, não sendo de Santos (o 1° motivo para se torcer por um clube), tampouco desenvolvi o afeto baseado na boa fase do mesmo (o 2° motivo mais comum). Quando notei que torcia pelo glorioso alvinegro praiano (sim, eu notei, não escolhi) foi no auge daquele jejum de títulos que durou de 1984 a 2002. Eu acreditava que o Santos não fosse ganhar outro campeonato importante nunca mais. Julgava que havia uma mandinga, um azar desgraçado, algo como o que persegue o Vitorinha. Mas eu amava aquele escudo e tudo o que girava em torno de seu sol. Outra coisa: tinha vergonha de torcer por um time de outro estado, ainda mais do sudeste. Quando me perguntavam, eu respondia apenas: -“Sou Bahia!” Temendo ser confundido com um daqueles meninos lotados de sentimentos inautênticos e subalternos aos grandes centros. Depois percebi (tive que perceber) que não adiantava fingir para que não parecesse que eu estava fingindo. Me tornei um santista assumido e orgulhoso. E, nesse sentimento, há como que um deslocamento da torcida santista de Santos, dos torcedores de outros clubes (é claro) e dos santistas pós-2002. Eu me sinto uma ‘torcida do eu sozinho’ (agora Alessandra me acompanha na solidão). É também assim o meu deslumbre pela criação magnífica de Roberto Gómes Bolaños: o Chaves e sua turma.

Escrevi alguns poemas sobre Chaves e dediquei um outro (sobre as pessoas que moram e trabalham em barracas de praia em Pedras Altas -Recôncavo-) ao Roberto Bolaños. Os poemas são meu trunfo para evitar a confusão que Juliana Cunha fez quando me ouviu declarar admiração pelo seriado. Eu realmente, neste caso como no outro, me sinto distante de alhos e distinto de bugalhos. No lugar de dizer por que gosto de Chaves, pego o atalho de enumerar os motivos que não são meus. 1- Alguns gostam por nostalgia dos anos 1980; eu não. 2 - Alguns gostam por aquele charme tolo de gostar de coisas tipo Chaves, como canções de Sarajane, literatura pulp-fiction (Sabrina, etc.); eu não. 3 - Alguns gostam pela onda retrô típica dessa época besta; eu não. Enfim, não gosto de Chaves por nada daquilo que um adolescente de 31 anos poderia chamar de ‘o elogio da tosqueira’. Ao contrário, gosto porque acho muito bem feito. Podem me bater, eu tenho outra face. Gosto, por exemplo, das interpretações que não deixam brecha para as caras dos atores. Neste caso, a Maria Antonieta tem razão. Onde a Chiquinha está, é apenas ela quem está. Mas o mesmo poderia ser alegado por todos os outros. Gosto do esquema não-maniqueísta, que se parece muito mais com as melhores novelas da Globo (‘Laços de Família’ é o exemplo perfeito) do que com as mexicanas. Amo o cenário. É como eu dizia a certa altura do meu recital de poesia, pós-nada: “Quando vi o Chaves, pela primeira vez, no Sistema Brasileiro de Televisão, pensei: ‘João Gilberto gosta disso’”. Tenho vergonha de que o Caetano Veloso leia o que direi a seguir, mas para mim, o verdadeiro Fellini é o Chaves. Quando Charles Ives, que parafraseei secretamente linhas acima, botava duas orquestras para tocar simultaneamente, tinha Chaves e tinha João Gilberto. E quando James Joyce me chamou num canto do terreiro de macumba e cochichou -“The keys to. Given”, eu pensei: “Tinha que ser o Chaves mesmo”. Há muito mais entre a Vila Belmiro e a Vila do Chaves do que Juliana Cunha pode imaginar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Desculpe, mas sempre achei o Chaves e toda a sua malta um porre. Na verdade só comento este post porque me atve ao detalhe de alguém não se sentir à vontade prá torcer por um time de fora, "principalmente do sudeste"...qual é o problema? Quase todos os nordestinos teem um time do coração no Rio ou em São Paulo. Minha tia do Rio torce para o GRANDE Vitória na Bahia, e daí?? Ainda mais prá quem torce pelo "Bahêa", não deve se preocupar com isto...tá perdoado!
Outra coisa, a Juliana Cunha que foi citada, é a estagiária mal humorada de Mário Kertesz, na Metrópole? Helena

Anônimo disse...

olá, eu só queria dizer q eu acho essa briga uma coisa horrível entre eles, prq eles trabalharam tanto juntos e agora estão brigados... minha mãe disse q isso era briga de atores, q isso acontece na maioria dos programas de tv, mas pensei bem nisso, e isso ñ podia acontecer, então, eu espero q vcs q estão lendo isso ñ se surpreendam nem achem uma coisa tola, mas pra falar a verdade, eu tbm queria fazer alguma coisa ao favor deles, então, achei q o único jeito de fazer com q isso mude, seria rezar. Sério, verdade, quem é cristão acredita no poder da oração, eu tbm ñ sou daqueles q são viciados em cristo, mas só acredito. pode até acontecer, né? ñ sei se vcs acreditam, mas estou falando pras pessoas mais próximas de mim pra tentarem fazer o mesmo, eu tbm sou fã do chaves, e pensei q isso podia funcionar, então, quem quiser tentar pode, por isso pensei: seria legal falar pra todas as pessoas q são fãs do chaves fazerem isso, mas como? então pensei em comentar isso no site de vcs, achei um bom começo, espero q leiam isso, prq, quem acredita em deus, tem fé...-Julia