Maria Clara
Bingemer
O stress da vida urbana e mais ainda daqueles que ocupam altos cargos
como executivos de grandes empresas é tema bem conhecido dos tempos
modernos e pós-modernos. As pessoas se sentem como laranjas chupadas de
todo o seu suco vital e jogadas fora como bagaço após terem sido
sugadas até o último estertor de vida.As conseqüências disso são a depressão, mal do século XXI, que atinge até crianças, nervosismo, angústia, consultórios psiquiátricos cheios, etc. Mas ainda não havia se visto um caso de suicídios em série devido ao stress a que uma empresa submete seus empregados. Parece que isso também passou a ser realidade. Nas últimas semanas a France Telecom, empresa estatal francesa, esteve às voltas com o suicídio de vários de seus altos executivos. Na motivação para cometer o gesto que acabaria com sua vida, os funcionários, homens e mulheres, alegavam não agüentar mais trabalhar ali onde estavam, ou a perspectiva de serem transferidos para outro departamento, enfim, todos motivos ligados diretamente à empresa em questão. O maior acionista da empresa – o Estado francês – preocupou-se e mandou especialistas em Recursos Humanos estudarem em profundidade as condições de trabalho na empresa. Não impede, que mesmo que se consiga deter a avalanche de gestos extremos, o problema permanece, tão ou mais grave do que antes. Não é concebível nem crível que funcionários de uma empresa do porte da France Telecom, que a procuraram justamente devido à ambição de subir na vida, ganhar um bom salário e aceder a melhores condições de poder aquisitivo comecem a suicidar-se como mendigos que morrem de fome. Parece que os salários altos e os “fringe benefits” não estão satisfazendo nem sendo suficientes para manter o equilíbrio das pessoas que estão perdendo o sentido da vida e decidindo que é melhor acabar com ela do que enfrentar certas situações. Parece que há algo errado e podre no reino desta Dinamarca furibunda em que se converteu a vida moderna com a corrida atrás do dinheiro e do status ocupando todo o espaço e tomando a frente de todos os demais valores. As pessoas perderam o jeito de descansar, de contemplar. Perderam o rumo e o caminho da gratuidade, o jeito de viver. Trabalhar passou a ser uma compulsão e uma doença e não um tempo criativo onde se constroem coisas e edifica futuro para as gerações que virão. Não sobra mais tempo para nada. Não se tem coragem de enfrentar os fracassos. Não se suporta conviver com os chefes que humilham e pisoteiam sem dó nem piedade para garantir os bônus milionários do final do ano. Na íntegra. |
01/07/2010
Artigo - Maria Clara Gingemer
Postado por
Humbertto Rodrigues
às
13:35
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