28/07/2010

Serra e a “diplomacia brucutu” com os fracos

O chanceler brasileiro Celso Amorim deu hoje, de Tel Aviv, uma aula básica de relações internacionais a José Serra. O candidato tucano tem sem manifestado de forma preconceituosa e truculenta em relação a nossos vizinhos sul-americanos e com uma visão tacanha sobre o papel do Brasil no cenário internacional.

Em entrevista à BBC Brasil, Amorim, diplomaticamente sem se referir a Serra, disse que os críticos da política externa brasileira vêem o Brasil com “olhos pequenos” e não enxergam que o país passou a ter “grandeza” no cenário internacional, o que o leva a ser chamado a desempenhar papel ativo nas questões mundiais.

Talvez isso seja difícil de ser compreendido por Serra, para quem o máximo que podemos ser é um capataz dos Estados Unidos e no continente sul-americano. Fernando Henrique Cardoso, quem diria, pode ser considerado até um progressista em relação a Serra, já que ao menos prestigiou o Mercosul, que Serra tanto despreza e não assumiu uma postura hostil à Venezuela quando se preparou e desfechou o golpe contra o governo legítimo da Venezuela.

Para fazer política externa é preciso de visão de estadista, o que definitivamente falta a Serra. Só consegue enxergar nos episódios externos a necessidade de alinhar o país à histeria simplória e ao coro de uma mídia quase que invariavelmente irresponsável e pressurosa em repetir as regras e ordens das grandes potências.

Serra afirmou a um grupo de empresários que o Brasil devia se dedicar ao conflito Colômbia-Venezuela, ao invés de gastar energia na questão nuclear iraniana. Não apenas uma coisa não elimina a outra como o candidato se mostra desinformado – ou mal intencionado - ignorando que desde a eclosão da crise entre os vizinhos sul-americanos, o governo brasileiro tem trabalhado para mediar o conflito e evitar que ele extrapole os limites da América Latina..

“Uma coisa não interfere na outra, pelo contrário, o prestígio internacional do Brasil nos ajuda também a trabalhar na região”, disse Amorim, em mais um ensinamento a Serra.

O chanceler brasileiro lembrou que a América do Sul tem mecanismos para resolver essas crises e que a Unasul se reúne na quinta-feira para tratar da questão. “A tarefa imediata é administrar a situação até a chegada do novo governo colombiano e então procurar uma solução mais permanente”, afirmou Amorim em mais uma lição de como as coisas são feitas no continente.

Para Amorim, os críticos externos da política brasileira, “querem preservar o monopólio do poder que têm”, e atacam não só o Brasil, como a Turquia, a Índia e a África do Sul. O ministro destacou os esforços do Brasil no Oriente Médio e encerrou o cursinho elementar de relações exteriores afirmando que “política externa não é uma coisa que se faz com um horizonte de um ou dois mandatos, mas nós iniciamos um processo e temos hoje uma relação de intimidade e de conhecimento dos problemas que não sonhávamos ter dez anos atrás.”

Serra tem uma mente miúda, incapaz de enxergar um palmo além de sua pequenez política. Para ele, o Itamaraty – como a imprensa e até seu próprio partido, o PSDB – são apenas instrumentos de uma vazia marquetagem eleitoral. E o Brasil um país que tem como destino ser o que sempre foi, um quintal do mundo. Desde que ele seja dono do terreiro.Fonte: Tijolaço.com

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