11/10/2010

14 anos da morte de Renato Russo

Sempre que penso sobre a morte de grandes pessoas me deparo com o poder das obras que estes deixaram depois que se foram. Em um mundo superpovoado, ser apresentado a alguém e possibilitar que essa pessoa crie vínculos com você mesmo depois de morto, apenas através do que você fez durante sua existência, é uma dádiva reservada apenas aos grandes e memoráveis artistas. E entre estes, sem dúvidas, figura Renato Russo, que catorze anos atrás deixou em aberto uma vaga na banda Legião Urbana e outra no espírito de uma legião de fãs. Em ambos os casos, essas vagas jamais poderiam ser preenchidas por outra pessoa.

Renato Russo é definido na maior parte das vezes como excêntrico. É claro que você precisará contextualizar esse adjetivo à época em que esse homem viveu. Era bissexual e assumiu isso, contraiu AIDS – doença que o levou à morte –, usou drogas, teve um filho e fez um imenso sucesso. Mesmo toda uma vida pessoal que muitos julgariam repreensível, cumpriu seu papel enquanto artista, deixando como herança letras regadas com críticas, sentimentos, histórias e reflexões. O mais curioso é que hoje em dia muitos adolescentes possuem uma trajetória bastante similar à de Renato Russo, mas ninguém os chama de excêntricos. O consolo fica para o fato de que ninguém também os chama de artistas.

Recentemente, testemunhei pessoas atacarem a obra de Renato Russo com o mesmo fervor que atacam as bandas Cine e Restart. Nunca entendi bem o motivo. Como com qualquer banda, você não vai ter afinidade com tudo o que a mesma produz. Como com qualquer artista, você pode não gostar da biografia do mesmo. Mas fechar os olhos pro legado deixado por Renato Russo sem ao menos ter um motivo razoável, me soa tão imaturo quanto aos fãs xiitas que vão xingar muito no Twitter quando falam mal das bandas já citadas nesse parágrafo.

Catorze anos depois da morte de seu líder, o Legião Urbana ainda tem seus fiéis fãs. Alguns, desde o seu auge. Outros, que só conheceram a banda recentemente. As letras de Renato Russo ainda se propagam, ainda mexem com as pessoas, ainda são usadas para expressar o que não estamos aptos para colocar em palavras. As críticas do século passado ainda servem como críticas para esse. Renato Russo, antes de polêmico, bissexual ou soropositivo, era um verdadeiro artista. Do tipo que mesmo catorze anos depois, não conseguimos substituir.
Fonte: http://www.artilhariacultural.com/2010/10/11/14-anos-da-morte-de-renato-russo/

Um comentário:

À PÉ ATÉ ENCONTRAR disse...

Meu amor, sua presença é tão comum que vc não faz falta, teu espírito superou ausência corpórea!
TE AMO!