Essa mesma pergunta eu fiz há mais ou menos uma hora atrás. Pois é, nem eu sabia de quem se tratava, até que um amigo me apresentou com a ênfase de que “É este o Sartre brasileiro!" Me empolguei e fui pesquisar vorazmente.Esmiuçei o Sr. Google, assisti a alguns vídeos no Youtube e em menos de uma hora, já me considero uma apaixonada!
Eis as primeiras linhas que eu li de Florestan:
"Afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade."
Como não se apaixonar diante de tal sabedoria adquirida de conhecimento vivencial e cinetífico, de leituras de mundo e de livros. Isto que é a verdadeira sapiência! Fico aqui me perguntando como é que eu, uma graduanda em Letras Vernáculas nunca tinha ouvido falar neste homem e tenho raiva, ainda não decidi se a culpa é minha ou da Instituição que estudo, mas sei é que os cursos de Letras, Direito, História, Sociologia e Filosofia deveriam ter uma disciplina que se debruçasse sobre as grandes obras dos intelectuais brasileiros, obras genuínas, o que ocorre com pouca ênfase e disposição.
Agora, vamos responder a pergunta que não quer calar: QUEM FOI FLORESTAN FERNANDES?
*Florestan Fernandes nasceu em São Paulo, no dia 22 de julho de 1920. Sua luta pela vida começou já na infância, para conquistar o próprio nome - já que patroa de sua mãe o chamava de Vicente, por considerar que Florestan não era nome de pobre - e sobreviver começou a trabalhar aos seis anos, o que o impediu de completar o curso primário e o levou a se formar no curso de madureza (supletivo).
Era vendedor de produtos farmacêuticos quando, aos 18 anos, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1947, formando-se em ciências sociais. Doutorou-se em 1951 e foi assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de sociologia, substituindo o sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano em que se efetivou na cátedra.
O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica brasileira. Sociólogo e professor universitário com mais de cinquenta obras publicadas, transformou as ciências sociais no Brasil e estabeleceu um novo estilo de pensamento.
Foi mestre de sociólogos renomados, como Octavio Ianni e Fernando Henrique Cardoso. Cassado com base no AI-5, em 1969, deixou o país e lecionou nas universidades de Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e Yale (EUA). Retornou ao Brasil em 1972 e passou a lecionar na PUC-SP. Não procurou reintegra-se à USP, da qual recebeu o título de professor emérito em dezembro de 1985.
Florestan esteve ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde sua fundação. Em 1986 filiou-se ao partido e exerceu dois mandatos de deputado federal (1987-1991 e 1991-1995). Colaborou com a Folha desde os anos 40 e, em junho de 1989, passou a ter uma coluna semanal nesse jornal.
Florestan não via o destino da ex-URSS como o fim do socialismo e do marxismo, nem a globalização como a esperança dos excluídos - ao menos, dizia, enquanto o "capitalismo da fase atual não conseguir uma equação definitiva para a questão social".
Florestan Fernandes morreu em São Paulo no dia 10 de agosto de 1995.
*Biografia de Florestan Fernandes
Fonte:
Fundação Florestan Fernandes "Uma vida de luta e construção"
Segue abaixo um documentário emocionante sobre o homem que de engraxate tornou-se um grande e influente sociólogo.
Agradeço a Tácito Loureiro, um sábio amigo que estimo e que muito tem me ensinado.
2 comentários:
Aí vc me pegou pelo pé...êsse,apesar de petista,era dos bons(inclusive foi êle mestre de meu político quase preferido(há outros),FHC.Com certeza,ele mereceu seu artigo.
Helena
Florestan era maravilhoso!
O meu amigo Julio Cstelo pede por meio de minha pessoa (ele não é fã da ferramenta, rs) para que transmita suas palavras:
"Excelente explanação! A juventude moderna precisa mais iniciativas como esta. E Florestan foi semelhante a Jean Paul Sartre, brilhante."
Abraço a todos.
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