A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) amarrou nos últimos dias a permanência do ministro da Fazenda Guido Mantega no governo, e, com isso, resolveu o primeiro desafio da transição. De acordo com fontes do governo, Mantega aceitou o convite de Dilma Rousseff, mas caberá à presidente eleita fazer o anúncio até este sábado (20).
Apesar de ter sido sugerida pelo presidente Lula, a permanência de Mantega no cargo virou uma prioridade para a presidente eleita Dilma. O nome de Mantega é importante na formação do novo governo tanto para evitar sobressaltos no mercado, já que ele representa a continuidade, quanto para permitir a política desenvolvimentista, característica da presidente eleita e do ministro Mantega.
Foram esses motivos que levaram Dilma Rousseff a se aproximar de Mantega nos últimos dias. Os dois foram juntos à cúpula do G-20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo) em Seul no início do mês. Na reunião, Dilma foi apresentada aos principais líderes internacionais e Mantega falou da ameaça da guerra cambial. Voaram no mesmo avião em viagem que durou cerca de 24 horas, mas evitaram falar sobre a formação do governo na volta ao Brasil.
Nesta semana, as conversas se intensificaram, e Dilma chamou o ministro da Fazenda para conversar em duas ocasiões, na noite desta quarta-feira (17), em jantar na Granja do Torto, e na manhã desta quinta-feira (18), compromisso que não estava na agenda do ministro.
Conforme o R7 apurou, apesar da continuidade, a nova gestão de Guido Mantega terá como desafio e uma das prioridades desafogar o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na concessão de empréstimos. Para manter os empréstimos do BNDES, o Tesouro teve de fazer durante os dois últimos anos aportes de recursos, o que não deve ser repetir na nova gestão de Mantega. Os bancos privados, teriam, portanto, que reforçar as suas linhas de crédito a empresas.
Entre janeiro de 2009 e setembro deste ano foram três os aportes de recursos do Tesouro ao BNDES, o que eleva a dívida pública para injetar recursos no banco que, por sua vez, são utilizados para capitalizar o setor produtivo. Os aportes entre 2009 e 2010 somaram R$ 210 bilhões.
Outro enorme desafio de Mantega na pasta será o ajuste fiscal, ou seja o corte de gastos no governo para manter o equilíbrio das contas públicas (manter as contas do governo no azul). Mantega e Dilma têm caráter desenvolvimentista, isso quer dizer que dão prioridade aos investimentos, ao desenvolvimento e, portanto, a mais gastos. Já o ministro do Planejamento, Paulo Bernarndo, que também deve ser mantido no governo, defende um ajuste maior das contas públicas, ‘um aperto maior no cinto’.
A valorização do real frente ao dólar também será o foco da nova gestão da pasta. Com o dólar baixo, o Brasil fica menos competitivo no mercado internacional, perde mercado e tem resultado pior na balança comercial e consequentemente, nas contas do governo. Com mais exportações, o ajuste fiscal – que terá de ser feito de qualquer forma- pode ser menor, deixando mais dinheiro em caixa para os investimentos de Dilma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário