14/02/2011

Uma revolução na TV brasileira

Por Juca Kfouri

O Clube dos 13 receberá este ano, pelos direitos do Brasileirão, das Organizações Globo, e exclusivamente dela, 267 milhões de euros.

Até fins de março deve fechar novo pacote com vistas às três próximas edições do campeonato e calcula dobrar esta quantia, ao vender separadamente os direitos de TV aberta (receberá 250 milhões de reais em 2011); fechada (57 milhões de reais); pagar-para-ver (220 milhões), telefonia e internet, que hoje significam rendas irrisórias.

Aliás, comparado ao que rendem os Campeonatos Inglês (1 bilhão e 26 milhões de euros); Italiano (700 milhões); Francês (689 milhões); Espanhol (655 milhões) e Alemão (428 milhões), o Brasileirão, certamente mais disputado, equilibrado e, portanto, mais emocionante do que todos os demais, embora com muito menos ídolos, também fatura muito pouco.

A ideia é a de se fazer uma concorrência com envelopes fechados e devidamente auditada por empresa do ramo.

A comissão de negociação, conduzida pelo diretor executivo do Clube dos 13, Ataíde Gil Guerreiro, e composta pelo Santos, Atlético Mineiro, Botafogo e Bahia, esperar receber propostas da Globo, Record e RedeTV!, embora não descarte que a Bandeirantes ainda faça seu lance para TV aberta.

A fechada deve ter disputa entre a Sportv, a ESPN, a Telefônica e a Band Sport.

Pelo PPV já manifestaram interesse a Globo, ESPN, Telefônica, NET, Sky e TVA.

A telefonia e a internet são disputadas pela Globo, Terra, Telefônica, IG, UOL, OI, Lancenet!.

O Clube dos 13 aposta também nas telefônicas e nos grandes portais da Internet e sonha que aconteça o que se deu em relação à disputa dos Jogos Olímpicos de Londres, vencida pela Record.

A Globo pagou 12 milhões de dólares por Pequim e perdeu Londres porque ofereceu 48 milhões contra 60 da Record.

Já para ter os direitos da Rio-2016, a Globo desembolsou nada menos do que 180 milhões de dólares. E levou.

O Clube dos 13 espera gerar as imagens do seu campeonato e de tudo que disser respeito a ele, como, por exemplo, as entrevistas pós-jogo, com o que garantirá a exposição dos patrocinadores de seus filiados, assim como busca acabar com quaisquer direitos comerciais da CBF que estejam previstos nos regulamentos dos campeonatos.

Paralelamente, busca garantir para si os ativos imediatos e os perenes que gera ano após ano.

A proposta que as redes Record e RedeTV! já ouviram e que a Globo ouvirá nesta quarta-feira, é recheada por dados objetivos, fruto de um estudo realizado por especialistas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, que criaram complicadas fórmulas matemáticas para cruzar valores financeiros, dados de audiência etc.

Além da negociação separada das cinco mídias, ninguém terá mais direito de preferência, coisa, aliás, que o Cade (Conselho Administrativo De Defesa Econômica) tratou de proibir, com a concordância da Globo, que o detinha até então.

Mas o Clube dos 13 conseguiu manter o direito de exclusividade por considerar que é interessante para os clubes, assim como está assegurado que quem comprar os direitos, no caso da TV aberta, poderá sub-licenciá-los.

Cogita-se que o lance mínimo para a TV aberta será de 500 milhões de reais.
 
Foto de Juca Kfouri
Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Desde 2005, é colunista da Folha de S.Paulo e do UOL.
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