02/03/2011

Veja opções para quem vai pular o Carnaval de Salvador na pipoca


Armandinho puxa há quase cinco décadas os foliões no Carnaval de Salvador


Faltam dois dias para o início do Carnaval e os esquemas da maioria já estão prontos. Para muitos, bom mesmo é sair em bloco, por conta da segurança. Outros preferem os camarotes, que se multiplicam a cada edição, sobretudo no circuito Dodô.

Mas, para uma grande parcela, bom mesmo é pular na rua, sem ficar preso às cordas. Muitas vezes, nem é o preço do abadá ou da camisa do camarote o motivo da preferência pelo lado mais democrático da festa.
Há quem não troque o calor da multidão por nada. O administrador de empresas Antônio Guedes, 32 anos, ganha várias cortesias para blocos e camarotes, mas prefere a pipoca. “Já perdi muitas camisas sem usar. Inclusive brigo com amigos, pois eles querem que eu fique com eles nos camarotes e eu sempre desço para ir curtir na rua!”, conta.
Antonio só reclama da perda de espaço para as estruturas dos camarotes, “mas como o povo é criativo, acaba dando um jeito de brincar mesmo assim”. Outro pipoqueiro convicto é o estudante Duan Santos, 21 anos. Para ele, o legal mesmo  é curtir os artistas que chama de velha guarda baiana, como Armandinho, Moraes Moreira e Luís Caldas. O último ameaçou não sair este ano por falta de patrocínio, mas já confirmou presença. Para quem sairá na pipoca, Duan dá algumas dicas: não ir sozinho, procurar locais mais vazios e evitar as proximidades dos camarotes  badalados, onde o aperto costuma ser maior por conta do entra e sai.

Histórias
 Para Duan, a melhor coisas são as histórias que só são vistas por quem está na rua. Uma vez, chovia muito e, em Ondina, formou-se uma grande poça. Por coincidência, um amigo dele estava fantasiado de Moisés. “Ele pediu pro bloco esperar, passou pela poça com a esposa, batendo o cajado no chão, depois chamou o bloco pra segui-lo e a multidão foi junto. Só quem estava lá embaixo curtiu”,  lembra.
A dona de casa Eliete Soares, 33 anos, é outra que adora uma pipoca. No caso dela, mais por falta de opção mesmo. “Quem não tem dinheiro para comprar um abadá tem de ir na rua mesmo”, diz Eliete, que nunca saiu em bloco, mas se diverte como pode desde os 15 anos. Eliete reclama da confusão e do aumento da violência, fato que ela atribui ao maior número de pessoas nas ruas.
Uma banda que tem a fama de arrastar a pipoca por onde passa é o Chiclete com Banana. Chicleteiro que é chicleteiro sai todos os dias, que nem o pintor de paredes Valdinei Santos, 32 anos. “Gosto mesmo é do empurra-empurra”, admite. Ele diz que nunca se machucou na pipoca do Chiclete, mas já viu muita briga, e até tiro. “Acho que a música agitada de Bell  piora a coisa”, acredita o pintor, que também é acompanhado de perto pela mulher.

Pai da pipoca
Ele pode ser considerado um dos comandantes do Carnaval sem cordas. Afinal, há décadas puxa a massa em seu trio. Armandinho, 57 anos, tocou em cima de um trio pela primeira vez em 1964, aos 10 anos. O Trio  Armandinho, Dodô & Osmar  é um dos preferidos do folião pipoca. Este ano, a trupe sai no sábado, no Campo Grande. Depois, de domingo a terça na Barra.
Armandinho é contra discursos apocalípticos sobre um suposto fim do Carnaval por conta do aumento no número de camarotes e blocos pagos. “A corda está na gênese do Carnaval”, afirma. Com tantas décadas de festa, ele pode ser considerado um expert em pipoca. Segundo Armandinho, a pipoca mudou ao longo dos tempos. Antes, as pessoas não ficavam paradas, uma vez que levava horas para ver um trio passar. “Hoje, como tem mais bloco, a pessoa fica ali, com a família, ao lado de um vendedor de cerveja, e faz seu próprio camarote”, diz.
Pai coruja, o cantor diz que a pipoca que o segue é a melhor do Carnaval. “Há anos não vemos uma briga”, diz. A explicação para o fenômeno, segundo o cantor, está no perfil do folião.Quem segue o Fobicão não quer ouvir sucessos recentes ou procurar confusão. “Muitas vezes, temos convidados em cima do trio, mas eles acabam descendo para ir pular na rua”. Traição? Nem um pouco. Afinal, um pai sempre sabe o tamanho do amor que os filhos-foliões sente pelo Carnaval. E, lá embaixo, é sempre melhor.

Melhor da pipoca:
Armandinho  - Sábado (15h30) - Campo Grande; domingo (18h30), segunda e terça (21h30) - Barra

Daniela Mercury - Sábado (20h30) - Barra

Carlinhos Brown - Sábado (19h30), domingo (20h30) e segunda  (23h) na Barra 

Margareth Menezes - Segunda (20h30), terça (19h30) na Barra;

Moraes  Moreira - Domingo (21h30), na Barra

Pipoca do Eva - Terça (15h), no Campo Grande

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