28/04/2011

Dilma considera ''erro'' Dutra renunciar ao comando do PT

A presidente Dilma Rousseff vai fazer um último apelo para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, não renunciar ao cargo e prolongar sua licença médica até setembro, quando o partido promoverá um congresso para reformar seu estatuto.

O governo avalia que uma sucessão apressada poderia criar problemas. Tanto Dilma quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão dispostos a evitar a troca de comando agora.

Na conversa que manteve com Lula, na segunda-feira à noite, no Rio, Dutra disse não se sentir confortável em deixar o partido aguardando por sua recuperação e afirmou que iria renunciar ao cargo amanhã, na reunião do Diretório Nacional do PT. Dutra está licenciado do cargo desde 22 de março, por causa de crises hipertensivas, que culminaram com forte depressão.

Dilma iria ao Rio hoje, para uma agenda de trabalho, mas adiou a viagem para sexta-feira. Ela tentará encontrar-se pessoalmente com Dutra antes da reunião do PT. Se não conseguir, conversará por telefone. Para a presidente, é um 'erro' Dutra renunciar ao cargo, já que ele tem mandato até 2013 e pode renovar a licença.

Setembro. Mesmo se Dutra se mantiver irredutível, a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) vai propor que o novo presidente do PT seja escolhido só em setembro. A ideia é que o deputado estadual Rui Falcão, primeiro-vice-presidente, fique no cargo nesse período.

'Se o Dutra de fato sair, o Rui ou qualquer integrante do Diretório Nacional pode dirigir o partido até o Congresso Extraordinário do PT, em setembro', disse Francisco Rocha, coordenador da CNB. Até agora, o nome mais cotado para substituir Dutra é o do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). Em todas as conversas, Lula insiste que é preciso dar 'peso político' à Executiva Nacional.

A posição da CNB - corrente que abriga Dutra - deve prevalecer, pois a tendência tem 56% das cadeiras do Diretório Nacional. Mas não sem resistências. 'Se Dutra renunciar, o partido deve eleger logo o novo presidente, até para evitar especulações', disse o ex-presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

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