Escova e maquiagem: as economias de Lara já tem destino garantido
Lara Oliveira, 15 anos, tem mais de 50 sombras diferentes, não sai de casa sem rímel, lápis, delineador e base. A estudante prefere gloss à batom e leva 40 minutos para se arrumar para a escola entre chapinha, maquiagem e aquela última checada no espelho.
Ela começou a ganhar mesada dos pais para comprar lanche no intervalo das aulas. O destino do dinheiro, no entanto, tem sido outro. “Eu levo suco de casa para economizar. Quando não estou com fome, não compro nada. O que eu guardo gasto no salão de beleza no fim de semana”, relata. No sábado, a manicure e a escova são programas com horário fixo.
A preocupação com a aparência consome a maior parte da mesada dos jovens entre 12 e 19 anos. Segundo estudo da TNS Research International, empresa especializada em pesquisa de mercado, os adolescentes gastam 44% da mesada com a aparência, incluindo itens de beleza, roupas e acessórios. Foram entrevistadas 1.500 pessoas.
Em segundo lugar na lista de gastos estão os lanches e refrigerantes (10%) e depois os aparelhos eletrônicos e produtos tecnológicos (8%).
O levantamento mostra que os adolescentes recebem em torno de R$408 por mês. O valor varia de acordo com a classe social e também com as necessidades de cada jovem. De acordo com o levantamento, a principal fonte de renda de 74% dos entrevistados vem prioritariamente dos pais. Apenas 27% declararam que a renda é proveniente do trabalho.
Desde 2009, Lara ganha em média R$100 por mês do pai. O valor, segundo ela, está de acordo com seus gastos. “Muitas coisas meus pais ainda compram de presente. Minha mãe sempre me traz uma roupa, uma maquiagem diferente. E dependendo do mês eu peço um pouquinho a mais”, relata.
A pesquisa mostrou também que os jovens supervalorizam a moda e customizam produtos para melhor atender a seus gostos e necessidades. Além disso, costumam contar a outras pessoas (principalmente pela rede virtual) quando encontram marcas ou produtos novos.
Muita roupa, pouca cultura
O estudo constatou também que os jovens brasileiros têm um universo cultural restrito. Oitenta e três por cento nunca vão a concertos; 80% afirmaram não ir ao teatro, ópera, balé e eventos culturais e políticos. E embora a saga de vampiros de Stephanie Meyer tenha arrebatado muitos jovens no último ano, 75% deles, segundo o estudo, não leram nenhum livro no último ano e 76% nunca visitaram um museu de sua cidade.
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