A aquisição da cervejaria brasileira Schincariol pela japonesa Kirin deve ter impacto em todo o setor de bebidas no Brasil. “Além de cervejas, a Kirin possui outras operações no setor, como sucos, vinhos e água mineral. A entrada na empresa no Brasil deve mexer com todo o mercado de bebidas”, avalia o consultor Adalberto Viviani, da Concept Marketing e Comunicação, especializada no setor.
Na sua avaliação, a Kirin deve utilizar a Schincariol como uma plataforma para se expandir para outros segmentos no Brasil e também como uma base para se consolidar na América Latina.
“Essa aquisição irá fortalecer a estratégia integrada de bebidas do grupo, dando à Kirin uma base sólida no crescente mercado brasileiro, aliada às bases existente na Ásia e Oceania”, informou a Kirin, em um comunicado.
A empresa já convocou uma conferência com jornalistas no Japão para falar sobre a aquisição.
Surpresa
A compra da Schincariol pela cervejaria japonesa surpreendeu o setor, embora já se soubesse que a empresa asiática tinha interesse em se expandir no mercado latino-americano, avalia Viviani. A Kirin fez jus à conhecida discrição dos japoneses, que costumam ser reservados na condução de seus negócios.
O preço pago, porém, ficou dentro do esperado.
Sócio brasileiro
A Kirin pagou R$ 4 bilhões por 50,5% do capital da cervejaria brasileira que pertenciam aos irmãos Adriano e Alexandre Schincariol. Os 49,5% restantes continuarão com um dos membros da família, Gilberto Schincariol.
Esse foi considerado um dos aspectos críticos na venda da companhia e que teria afugentando os demais compradores, como a Heineken, segundo fontes do setor. A cervejaria holandesa pretendia comprar todo o capital da Schincariol.
Mas uma fonte do mercado acredita que, no futuro, Gilberto Schincariol também acabe vendendo sua participação. O empresário não teria vendido agora suas ações porque avalia que receberá um preço maior por elas mais adiante, acredita um executivo do ramo.
Briga com a AmBev
A Schincariol, que detém 11% de participação no mercado brasileiro de cervejas, enfrenta uma dura competição da AmBev, que controla entre 68% e 69% do mercado. Já era esperado que mais cedo ou mais tarde a família Schincariol "jogasse a toalha".
Com a venda da Schincariol, a Petrópolis, dona da marca Itaipava, transforma-se em uma sobrevivente, passando a competir agora com dois gigantes mundiais. A marca de cerveja detém cerca de 8% do mercado e está voltada para a classe C.
Mas a aquisição da Schincariol deve, na avaliação de uma fonte, valorizar indiretamente a Petrópolis, transformando-a na única empresa que ainda resta ser vendida.
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