24/08/2011

Jânio foi traído pelos governadores


A única filha de Jânio Quadros, Dirce Tutu Quadros, afirmou em entrevista exclusiva ao jornalista Milton Parron, da Rádio Bandeirantes, que todos os governadores sabiam que o ex-presidente tinha uma proposta para um golpe de Estado.

“Todos os governadores tinham participado de uma reunião [com o ministro da Justiça, Oscar Pedroso Horta] e disseram que sim. Então ele foi traído, puxaram o carro”, conta Tutu Quadros.

Segundo ela, os únicos governadores que permaneceram ao lado de Jânio foram o de Minas Gerais, Magalhães Pinto, e Nelson Brizola, do Rio Grande do Sul, que teriam inclusive oferecido as Forças Armadas para Jânio.

Para Tutu, Jânio tomou a atitude de renunciar porque não queria ser refém do Congresso Nacional. Ela revela ainda que ele era “completamente dominado” por Oscar Pedroso Horta.  “Eles vieram com esse negócio de plenos poderes, de que o Brasil não vive sem o Jânio, porque o povo nos sustenta. Na minha opinião, eles subestimaram a classe política, o povo brasileiro, e deu no que deu.”, conta
A filha de Jânio diz que ele “não almoçava e não jantava sem a permissão de Pedroso Horta”. “Problemas familiares e problemas na família Quadros eram resolvidos por Pedroso Horta”. E o porquê desta influência? Ela não sabe, mas diz que as coisas continuaram desta forma até a morte de Pedroso Horta.

Outros trechos da entrevista
Quem era Jânio

Para Tutu, Jânio era um sonhador, mas não um injustiçado. “acho até que o povo brasileiro e a imprensa teve muita paciência com ele”, pondera. Ela também destaca o lado realizador de Jânio. “Ele foi responsável pelo poder do Estado de São Paulo”, conta.  Na sua opinião, Jânio não deixou sucessores na política. “O janismo acabou. Meu pai fez questão absoluta de não deixar nenhum herdeiro político”, diz Tutu. 

Direita x esquerda e condecoração de Che Guevara

Na entrevista, ela afirma que Jânio começou a carreira política como esquerda e acabou na extrema direita. Tutu também comenta a polêmica condecoração dada por Jânio a Che Guevara. “Eu acho que ele fez mais isso mais pra assustar os EUA do que para valorizar o Che Guevara”, afirma.

Sobre a política

Hoje Dirce vive na Califórnia, nos Estados Unidos, em uma fazenda. “Aqui eu dou Dirce Drucker, ninguém me conhece. Eu fiquei muito desiludida com a política brasileira. Se bem que depois que eu saí do Brasil, as coisas começaram a melhorar”, diz a ex-deputada, que deixou o país nos anos 90.

Ao final da entrevista, ela deixa uma mensagem sobre a política: “o povo, antes de idolatrar alguém, tem que estudar bem o indivíduo. Não é time de futebol, que você nasce palmeirense, são-paulino. Tem que abrir os dois olhos bem abertos”, finaliza.

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