“Um milhão na mesa” é muito divertido. Mas bom mesmo é ver Silvio Santos em ação, alegre, comandando geral: é ele quem dirige a emoção seja de quem joga, seja de quem assiste. O dono do SBT sabe que seu show não se limita à disputa por R$ 1 milhão. Seu desempenho faz lembrar a lição do arquiteto alemão Van Der Rohe, que disse que “Deus está nos detalhes”. Silvio saboreia cada piadinha, se deleita com o nervosismo dos participantes, ri deles e de si. São essas minúcias que fazem a festa. Com outro apresentador, “Um milhão na mesa” seria apenas mais um formato agradável.
Na estreia, há uma semana, o “Homem do Baú”, que atira notas de reais para seu auditório, foi mais fundo nas associações entre erotismo e fortuna. Afagou a pilha de dinheiro instalada no centro do feérico cenário (nada a ver com as ideias sóbrias de Rohe) e disse, malicioso: “É muito mais gostoso de acariciar do que outras coisas que também se dizem gostosas”. Brincou com uma dupla de mãe e filha vinda do Rio Grande do Norte: “Você sabia que sua filha tem namorado?”. Quando a mãe assentiu, afirmando que aprova o rapaz, ele emendou: “Tem que aprovar mesmo. É muito difícil desencalhar, lá em casa tenho seis e sei da dificuldade. E olha que eu sou bom de bolso!”.
E por aí foi.
O “Show do milhão”, antigo programa de perguntas e respostas que ele comandava no SBT, era mais saboroso, porque contava com os universitários, e as perguntas demoravam a ser respondidas. Aqui o suspense é mais breve. Mas não importa. O grande espetáculo é outro.
Por Patrícia Kogut
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