27/10/2011

Para professores, vestibulares vão exigir mais de alunos que Enem

Quem achou o Enem complicado, melhor se preparar ainda mais para os vestibulares

A maratona do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já passou. É hora de pensar no vestibular. Para quem acha que 10 horas de prova e 180 questões em dois dias foram um sufoco, os professores alertam que o pior ainda está por vir. “A prova do vestibular é mais difícil. É como um concurso. Passa quem fizer mais pontos. Embora o número de questões seja menor, o grau de dificuldade é alto”, afirma o professor de matemática, Raimundo Portela.

O Enem é considerado pelos profissionais da área como a prova que vence o aluno pela exaustão. “Os enunciados das questões são enormes e o tempo vai contra o candidato”, explica a diretora e orientadora pedagógica do curso e colégio Oficina, Márcia Kalid, que aponta algumas diferenças básicas entre os dois exames. “O Enem é nacional e aborda temas mais abrangentes, enquanto o vestibular foca o regionalismo. Mas, enquanto o Enem é uma prova mais criativa e interpretativa, os vestibulares ainda trazem o estigma do conteudismo. Ou seja, o aluno tem que memorizar o conteúdo”, diz. “O Enem vence pelo cansaço e o vestibular pela cobrança acirrada”, resume o professor de geografia, Rômulo Teixeira.

Cansaço
O estudante Matheus Souza, 18, quer ser engenheiro civil e fez o exame pela primeira vez esse ano. A ansiedade e o cansaço prejudicaram seu desempenho. “Senti náuseas durante a prova, suava frio. Na noite anterior, dormi tarde”, conta. Ele diz que não repetirá o erro na prova da Universidade Federal da Bahia (Ufba) . “Aí tudo muda de figura”.

Natural de Paramirim, a 750 km de Salvador, Leonardo Nunes, 19, mora na capital desde janeiro para se preparar para o vestibular. Ele fez o Enem, mas sonha em fazer medicina na Ufba. “Quero fazer Medicina e sei que é muito concorrido. É esquecer o Enem e focar”.

Além da cobrança maior, a concorrência também pesa no vestibular. Este ano, quem pretende tentar uma vaga em Medicina na Ufba, por exemplo, disputará com outros 49 alunos. Já o mesmo curso na Uneb, para as 30 vagas disponibilizadas no primeiro semestre, tem concorrência de 200 candidatos por vaga. “É um caso a parte. É o primeiro ano do vestibular para Medicina. Esperávamos essa concorrência”, afirma o pró-reitor da Uneb, José Bites.

Das 4.006 vagas da universidade estadual, 1.069 serão destinadas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza a nota do Enem. Ou seja, quem pontuar mais no Enem entra. “Para as vagas restantes serão aprovados quem fizer maior pontuação no vestibular”, diz Bites.

O pró-reitor de graduação da Ufba, Ricardo Miranda, ressalta que esse ano não houve surpresa nas inscrições. Os cursos mais disputados anteriormente mantiveram-se no topo da lista (confira na página ao lado as relações candidato/vaga).

Enquanto boa parte dos candidatos acham um sufoco passar na primeira fase, Miranda diz que a etapa é apenas uma triagem de conhecimentos básicos. “Já a segunda fase é mais difícil. É nesse momento que o aluno tem que mostrar que conhece bem os temas de maior peso para a sua área”, explica. “No final das contas o Enem é uma prévia do vestibular”, completa o professor Rômulo Teixeira.

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