O jornalismo ambiental aglutinou profissionais dedicados às questões ligadas ao meio ambiente. Desde o I CBJA, realizado em 2005 em Santos (SP), é possível medir o salto significativo de pautas, reportagens e artigos, mas ainda existe um déficit, afirmou Trigueiro. Como membro da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e professor da PUC-RJ, o jornalista critica a cobertura “menor do que a necessária” da mídia de situações como o vazamento de óleo detectado há uma semana na Bacia de Campos -no Norte Fluminense – e do Código Florestal, que não foi capaz de explicar adequadamente ao grande público a importância de uma lei como esta em um país dono da maior floresta tropical do mundo e cinco biomas estratégicos. “As mudanças climáticas talvez hoje seja o tema mais importante da humanidade e cobrimos mal isso. A sete meses da Rio+20, muitos brasileiros ainda não sabem do que se trata”.
Em sua intervenção, o vice-reitor, padre Francisco Ivern, atestou que a preocupação com o meio ambiente integra a responsabilidade social da PUC. A implementação da agenda ambiental faz parte do esforço da universidade em juntar forças para a Rio+20, seja na oferta de espaço para reunião de cientistas que participarão da conferência e o próprio CBJA, e tanto na formação de profissionais capazes de entenderem a questão em toda a sua complexidade.
Falando em nome do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) da entidade, o diretor Felipe Guanaes citou o trabalho dedicado à convergência de ideias em um momento em que a crise no processo de desenvolvimento da sociedade atingiu uma escala planetária. “Não há hoje quem não esteja conectado com esta discussão em torno do uso dos recursos naturais”. Quanto mais se aprofunda, mais a universidade percebe que tem de evoluir na produção de conhecimento de forma conectada dentro de sua grande estrutura. A seu ver, o CBJA contribuirá para que a sociedade brasileira siga mobilizada, cobrando as mudanças necessárias. “Se não nos posicionarmos, estaremos diante de uma situação bastante complicada”.
Na sequência, o professor Daniel Aguiar, coordenador do curso de Comunicação da PUC, chamou a atenção para a grande responsabilidade da academia na formação de comunicadores voltados para uma sociedade sustentável e jornalistas que trabalham na questão específica do meio ambiente. A elaboração de um programa de especialização em jornalismo ambiental e articulações para a Rio+20 estão em curso a partir de união da própria instituição com suas congêneres Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Fundador da Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia), o jornalista e escritor Vilmar Berna encerrou a mesa colocando em xeque: até onde o profissional de comunicação compromete a pauta por conta de convicções pessoais? “Ainda que eu não concorde, o sujeito vai ter espaço. Como jornalista, preciso deixar que todos falem porque estamos em um processo democrático”. Em breve retrospecto, lembrou que há apenas 30 anos se tem no Brasil estudos que medem o impacto ambiental do progresso, que se tornaram obrigatórios na Constituição de 1988, e que isto trouxe diversos avanços na legislação.
Em sua análise, a mudança ao longo deste tempo não está acontecendo por acaso, mas sim graças ao trabalho de jornalistas, educadores, pesquisadores. “É uma guerra pela continuação da nossa espécie, com pessoas do lado do bem e outros contra”. Na questão do Código Florestal, em que um lado defende pontos polêmicos como a anistia para desmatadores, Vilmar insiste na importância da pressão da opinião pública como instrumento de pressão para derrubar uma desvantagem numérica no Congresso. “É vital o esforço pela democratização da informação ambiental como parte da própria democratização do Brasil, caminho também para a solução deste passivo social enorme”.
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