Lisboa - A greve que para Portugal hoje (24) deve levar mais de l milhão de trabalhadores às ruas em protesto contra as medidas do governo de cortar salários, aumentar impostos e provocar o desemprego em um país já mergulhado em profunda recessão econômica. Para o Primeiro Ministro, Passos Coelho, do PSD, “não é um bom momento para paralisação”, mesmo reconhecendo a legitimidade dos protestos. Mas para o ex-presidente Mário Soares, do PS, que assinou um manifesto contra a austeridade do governo, “os sindicatos são organizações para defesa dos trabalhadores”.
Na verdade, a paralisação começou ontem à noite quando o principal aeroporto de Lisboa parou as suas atividades, afetando mais de 50 mil passageiros, segundo avaliou a administração da TAP, que tem 70 voos semanais saindo de cidades brasileiras e à noite já havia cancelado os que partiam de Capinas, em São Paulo. No Porto, uma das principais províncias de Portugal, a circulação dos trens com destino à Lisboa foi interrompida no final da tarde.
Esta é a terceira vez que as duas principais centrais sindicais , a CGTP e a UGT, se juntam numa greve-geral. A última aconteceu no governo do Primeiro Ministro, José Sócrates, quando o país começou a sentir as primeiras pressões de Bruxelas para pagar os empréstimos que fez à Comunidade Europeia .
Para Teixeira, um motorista de taxi, 61 anos, aposentado, a “greve é um instrumento de pressão. Não acredito na sua eficácia, mas os trabalhadores precisam ir às ruas para defender os seus direitos violentados pelo governo que não corta na carne, mas apenas nos salários, sacrificando o trabalhador”.
A crise econômica em Portugal deve piorar em 2012, quando os efeitos das medidas do governo começarão a surtir os efeitos. Houve corte no 13 salário, na seguridade social, no efetivo do governo, fechamento de empresas estatais e de sete embaixadas no Leste Europeu e redução nas pensões dos aposentados. O desemprego cresceu 12 por cento nos últimos três meses. O desespero já levou lojistas a fecharem seus estabelecimentos e chegou também aos grandes shoppings que vivem às moscas.
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