Pacotes de viagem investem em exclusividade para solteiros

Não há dúvidas de que os solteiros têm conquistado atenção especial do comércio nos últimos anos. Nas prateleiras do mercado já é possível ver embalagens menores e sob medida para as necessidades deles. E quando o assunto é viagem?  Agências cada vez mais especializadas também têm surgido para atendê-los. Passeios que divertem e integram são algumas das oportunidades para quem quer viajar sozinho e garantir a diversão.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados no ano passado, em 2009 houve uma redução de 2,3% no número de casamentos em relação a 2008. A percepção de que os solteiros estão virando maioria, de acordo com o diretor comercial da agência Viagem para Solteiros, Eduardo Martins, fez com que ele se interessasse em partir para um negócio mais especializado e personalizado.

“Acredito que uma empresa focada em determinado segmento ou em um único produto tem condições de oferecer serviços com muito mais qualidade. Quando se abre o leque para atender vários setores diferentes, aumentam as chances de se perder essa característica”, afirma Martins.

O auditor de contas José Roberto Seiso Nishihara, 53 anos, é um dos que aderiram ao turismo single (solteiro, em inglês). “Faz seis anos que procuro viajar com agências especializadas. É um segmento interessante e bom para fortalecer amizades”, conta. Para ele, em empresas maiores, isso fica difícil de acontecer: “Já viajei em agências grandes, mas normalmente as pessoas vão em grupos. Fica mais difícil de se integrar."

Namoro ou amizade

Integração é a palavra chave no turismo para os solteiros. Brincadeiras que começam ainda durante o caminho para os passeios ajudam a quebrar o gelo. Segundo Eduardo Martins, o público é exigente e precisa de tratamento personalizado, por isso a atenção especial a cada detalhe. Nishihara acredita que o solteiro é mais seletivo. Para ele, as empresas querem fidelizar os clientes e, dessa forma, conseguem.

O auditor de contas afirmou, ainda, que durante as viagens se sente tão bem que grandes amizades e, até relacionamentos, já surgiram. “Fiz muitos amigos e até um relacionamento de dois anos com uma moça que conheci durante um passeio”, lembra Nishihara.

A microempresária Lilian Belmonte Cavalheiro, 44 anos, também criou vínculos importantes para sua vida durante as oportunidades. Ela, que começou a viajar em pacotes de solteiros há um ano, afirmou que após os encontros, os grupos de solteiros costumam marcar de sair e promover outras atividades juntos.

Reintegração social

Lilian é divorciada e encontrou nos pacotes single uma forma de restabelecer amizades. “Fui casada por 19 anos e neste tempo me afastei dos meus amigos. Viajar com pessoas na mesma situação que eu foi a forma que encontrei de reintegrar-me socialmente”, explicou. E, segundo a microempresária funcionou. “Hoje saio sempre, me divirto com minhas amigas e já até me relacionei com outros homens que conheci em viagens como esta."

A microempresária faz parte de um grupo de pessoas que cresce a cada dia. Segundo o IBGE, em 2009 ocorreram 23 divórcios para cada 100 casamentos realizados. O diretor comercial da Viagem para Solteiros, Eduardo Martins, explica, no entanto, que, divorciado ou não, o solteiro pode encontrar um mundo de descobertas. “Este é um sistema que favorece a reintegração social, é um caminho que facilita a colocação das  pessoas em contato com o novo”, ressalta.