03/10/2010

Série- Escritoras, poetisas e autoras brasileiras

Olá leitores!
É com muito orgulho que inicio aqui uma série que muito me agrada: "Escritoras, poetisas e autoras brasileiras", onde passearei por este universo da nossa Literatura e lhes apresentarei o trabalho de algumas das melhores, sob minha óptica, claro. Inauguro com a grande poetisa Adélia Prado.





O surgimento de Adélia Prado na literatura brasileira representou a revalorização do feminino nas letras e da mulher como ser pensante. A poetisa incorpora os papéis de intelectual e de mãe, esposa e dona de casa; encontrou um equilíbrio entre o feminino e o
feminismo, conciliação digna de nota.

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
− dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem,
Mulher é desdobrável. Eu sou.



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