A notícia veio do Escrevinhador, blog do Rodrigo Viana, que já trabalhou na TV Globo e tem fontes na emissora. A edição do Jornal Nacional de quinta-feira, que tentou transformar um objeto não identificado em algo que teria atingido a cabeça de Serra sem deixar nenhuma marca, foi recebida por uma enorme vaia pelos jornalistas da redação de São Paulo, que acompanhavam a edição feita no Rio, onde também foi editado o famoso debate entre Lula e Collor.
O material produzido para o Jornal Nacional por todas as praças do país é enviado ao Rio, a famosa sede da vênus platinada, onde toma a forma final a ser apresentada por William Bonner e Fátima Bernardes. Depois que a Globo ficara sozinha coma versão de uma suposta agressão, enquanto SBT e Record mostraram as imagens da bolinha de papel, era preciso fazer algo para tentar salvar a credibilidade da emissora. Mas o recurso ao conhecido perito Ricardo Molina e o uso de imagens desfocadas foi tão primário que os próprios jornalistas da emissora não se contiveram e vaiaram coletivamente a edição.
Essa reação dos jornalistas da Globo é muito importante. Jornalistas são formadores de opinião e sabem muito bem como as edições de jornais, revistas e telejornais são feitas. Tem muita gente responsável lá dentro que não compactua com o que vem sendo feito e a explosão foi uma espécie de desabafo coletivo e recado ao comando da emisora de que o que estão fazendo está sendo claramente percebido.
A farsa da agressão a Serra virou motivo de chacota na sociedade e qualquer profissional da Globo passa a sofrer com isso também. São os jornalistas os pára-raios da emissora. São eles que vão à rua e são questionados e muitas vezes ofendidos pela população inconformada com a manipulação. A reação ocorrida em São Paulo, que certamente chegou ao comando do jornalismo no Rio pelos chefes constrangidos, que baixaram as persianas de suas salas para não ver a sublevação, pode ser um divisor de águas na cobertura global destas eleições. O Jornal Nacional de ontem já não alimentou mais o assunto, limitando-se a registrar as queixas de Serra e a resposta de Dilma, ela sim quase atingida por um balão cheio d’água na frente de diversas testemunhas, no Paraná.
Os jornalistas da Globo de São Paulo podem ter criado ao menos um embaraço para a direção de jornalismo. A partir de agora, se a emissora quiser manipular as informações pró-Serra saberá que não conta com o apoio de boa parte de seus profissionais. Sempre terá alguém à disposição para o jogo sujo, mas não será tão fácil mantê-lo em segredo diante de profissionais indignados, que, mesmo diante da necessidade do sustento de suas famílias, sentem-se ultrajados no exercício de sua profissão.Com informações do Blog Tijolaco.com.
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