Al Capone (de chapéu todo branco) deixa tribunal em Chicago no ano de 1931; ele foi o mafioso mais famoso dos EUA
Alphonse Gabriel Capone teria sido um bandidinho qualquer dos anos 20, não fosse por um diferencial: ele era psicopata. Nos negócios em que esteve envolvido, o diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial trouxe fama dúbia a Al Capone, o “Scarface” (“cicatriz na cara”, em uma tradução livre do inglês).
Nascido no Brooklyn, Nova York, em janeiro de 1899, filho do barbeiro italiano Gabriele e de Teresina, o primogênito da família Capone mostrava sua vocação desde pequeno. Aos 14 anos, por exemplo, deu uma surra na professora da escola católica que o expulsaria em seguida.
Livre dos bancos escolares, as portas se abriram para o adolescente. Portas de boates e bordéis. O jovem forte, de estatura mediana, mas braços e peitos musculosos, virou leão-de-chácara de estabelecimentos de gângsteres amigos.
Foi, aliás, numa confusão envolvendo a ofendida irmã de um certo Frank Galluvio, que recebeu suas marcas registradas. Frank deu três navalhadas na face esquerda de Al. Assim, o contemplou também com o apelido Scarface.
À bala, faca e porrete, Al Capone foi fazendo nome. Nunca pertenceu oficialmente à Máfia - ou seja: não era juramentado pela organização. Mas trabalhou como matador para o famoso Lucky Luciano e outros chefões de Nova York e Nova Jersey.
Mafioso intimidou eleitores e enriqueceu com a bebida
A carreira no crime foi meteórica, mas a brutalidade que a forjou exigiu mudanças de territórios. Numa visita a Chicago, em 1922, o bandido - que era maluco, mas não rasgava dinheiro - viu enormes oportunidades nos negócios de contrabando de bebidas - proibidas pela Lei Seca - prostituição, “proteção”, jogo e agiotagem. Em 1923, ele mudou-se de metralhadora em punho e acompanhado por um bando infernal.
Em menos de dois anos, era o dono da região. Ao pé da letra, foi às bocas de urna nas eleições municipais, e ameaçando os votantes, colocou no poder vereadores, o chefe de polícia e o prefeito, da cidadezinha de Cicero (subúrbio de Chicago).
Sua impunidade era tamanha que, em fevereiro de 1929, numa disputa por território com a gangue irlandesa de Bugs Moran, seus capangas assassinaram sete rivais numa garagem de Lincoln Park, em Chicago. O infame incidente foi chamado de Massacre de São Valentino, já que ocorreu no dia do santo, quando também é comemorado o Dia dos Namorados nos Estados Unidos.
Sonegação de imposto levou Al Capone à prisão
Moran perdeu a guerra, mas Capone também não sairia vencedor. O massacre foi tão escandaloso que, juntamente com o conjunto da obra do bandido, atraiu naquele ano uma força-tarefa de investigadores liderada pelo hoje legendário Eliot Ness.
Ness era agente da Receita Federal e, portanto, fora do esquema de corrupção policial de Chicago. Mas não seriam os assassinatos, espancamentos e outros crimes violentos que colocariam Capone no tribunal. Fraude e falta de pagamento de imposto de renda compunham as acusações fundamentais que mandariam finalmente o mafioso para trás das grades.
Munidos com livros de contabilidade e o depoimento do contador das organizações Capone, a promotoria conseguiu a condenação: 11 anos de prisão e pesadas multas financeiras.
Mas, para que se chegasse a essa sentença, foi preciso trocar, em meio ao julgamento, o júri e o juiz do caso (que estavam comprados pelo gângster).
Em 1931 o réu foi acolhido na Prisão de Lincoln, Illinois, e depois transferido para a sombria Alcatraz, na Califórnia.
A estada duraria apenas oito anos. Diagnosticado com neuro-sífilis (sífilis no cérebro), Capone recebeu liberdade condicional. Os médicos que o examinaram anotaram: o paciente tinha, então, a capacidade mental de uma criança de 12 anos.
Nesse estado, Capone foi desfrutar de sua liberdade em Palm Island, na Flórida, onde morreria em 1946, na cama. Acabou com ele um derrame cerebral, seguido de ataque cardíaco.
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