A presidente Dilma Rousseff, que fez nesta segunda-feira (31) sua primeira viagem ao exterior, deixou a Argentina dizendo-se impressionada com a determinação da colega Cristina Kirchner em promover uma aliança estratégica com o Brasil.
Antes de embarcar de volta a Brasília, no Aeroparque Jorge Newbery, Dilma conversou rapidamente com a imprensa e relatou suas impressões do encontro com a presidente argentina. Questionada sobre o que mais havia chamado sua atenção, mencionou a postura de Cristina em favor das relações bilaterais.
- A determinação dela de fazer uma aliança estratégica com o Brasil, a mesma determinação que eu tenho, aliás. Eu acho que isso foi o que mais apareceu.
Dilma lembrou as contribuições dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner para fortalecer os laços entre Brasil e Argentina e disse que, hoje, trata-se de uma relação baseada na confiança mútua.
- No passado, Brasil e Argentina, por vários motivos, foram colocados separadamente. Houve interesse de várias nações em nos separar. Nos últimos anos, com Lula e Kirchner, e Lula e Cristina, estabeleceu-se algo fundamental na relação entre pessoas e nações, que é a confiança.
A agenda da presidente brasileira na Argentina foi rápida, mas muito movimentada. Ela chegou a Buenos Aires por volta de meio-dia, com uma hora de atraso. O motivo foi o mau tempo. Ao contrário dos últimos dias, de muito sol e calor, a segunda-feira começou chuvosa na cidade. A partir do início da tarde, o céu abriu.
Ao chegar à Casa Rosada, sede do governo argentino, Dilma foi recebida com um caloroso abraço por Cristina. Em seguida, as duas foram para um encontro privado. Paralelamente, ministros de ambos os países também se reuniram para discutir acordos bilaterais. Ao todo, 15 convênios foram assinados, em diversas áreas.
No encontro que teve com mães de desaparecidos políticos argentinos, Dilma disse ter sido tratada com um imenso carinho. Ela recebeu materiais sobre direitos humanos e projetos sociais desenvolvidos pelas entidades. Antes, a associação Madres de Plaza de Mayo havia entregue a ela uma casa e uma sala de aula pré-fabricadas para as vítimas das chuvas na região serrana do Rio.
- Eu acabo de ganhar duas casas sobre rodas. Elas compõem uma experiência social importante, que é a produção habitacional, que diz respeito à inclusão social, uma preocupação muito cara ao Brasil.
Dilma negou, porém, que tenha sido pedida a ela a abertura dos arquivos da ditadura brasileira (1964-1985), a qual ela combateu na juventude.
Na declaração à imprensa, ao lado de Cristina, ela disse que Brasil e Argentina têm a missão conjunta de conduzir a América Latina neste novo século.
- Não é por acaso que eu fiz questão que a minha primeira passagem pelo exterior, o meu primeiro contato com um país, fosse na Argentina. É porque eu considero que Brasil e Argentina são cruciais para transformar o século 21 no século da América Latina. Brasil e Argentina têm um papel estratégico, são países maiores e representam o grande potencial de desenvolvimento conquistado pela América Latina.
A presidente brasileira também prestou uma homenagem ao ex-presidente argentino Néstor Kirchner, marido de Cristina, morto no ano passado. Ela ressaltou a contribuição do ex-governante como secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), cargo que ele exercia quando faleceu.
- Presto uma homenagem não só como presidente. Como condutor da Unasul, ele percebeu desde sempre a importância dessa nova etapa da integração para os nossos países. Uma homenagem do povo brasileiro a esse grande argentino que foi Néstor Kirchner.
Dilma falou também do simbolismo de seu encontro com Cristina, já que pela primeira vez Brasil e Argentina têm presidentes do sexo feminino. Para ela, isso traz às presidentes o dever de garantir a participação das mulheres em suas respectivas sociedades.
- Nós, que somos as duas primeiras mulheres eleitas diretamente pelo voto em nossos países, assumimos um papel muito importante na garantia da participação de gênero. Uma sociedade pode ser medida por seu avanço e modernidade, desde que também assegure a participação e a não discriminação das mulheres.
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