22/05/2011

Estrela do showbiz, Lady Gaga chega ao terceiro disco, Born This Way, no topo

Houve quem a julgasse um fenômeno passageiro, um produto de marketing, uma imitação grotesca de Madonna. Mas, qual nada. Esse camaleão nova-iorquino aí do lado, não para de surpreender. No topo há quase três anos, com mais de 14 milhões de discos vendidos, Lady Gaga, 25, acaba de alcançar marcas ainda mais impressionantes do que as que já coleciona desde que se jogou nas paradas, com o álbum The Fame (2008), que vendeu mais de 12 milhões de cópias.

Às vésperas de lançar o terceiro disco, Born This Way, ela foi eleita pela revista Forbes (EUA) como a celebridade mais poderosa do mundo, com faturamento de US$ 90 milhões nos últimos 12 meses. Born This Way chega às lojas de todo o mundo amanhã, em duas versões: uma com 14 músicas inéditas e outra, dupla, com mais cinco faixas remixadas.

A informação ganha peso quando se percebe que a Monstra Mãe, como a Gaga costuma se chamar diante dos fãs, os seus monstrinhos, passou na frente da apresentadora e empresária americana Oprah Winfrey, que há sete anos ocupava esse invejável posto. Curioso é observar que não foi exatamente o dinheiro a escada para Lady Gaga alcançar esse novo status, até porque Oprah faturou três vezes mais. O seu poder é puramente midiático.

polêmica A coisa cresce ainda mais se levarmos em conta que Lady Gaga arrecadou US$ 227,4 milhões com The Monster Ball Tour (2009/2011), considerada a turnê de uma artista iniciante mais lucrativa de toda a história do showbiz mundial.

Desde que anunciou a data de lançamento de Born This Way, a esperta e talentosa Stefani Germanotta, mestra em autopromoção, começou a atiçar a curiosidade dos milhões de fãs, postando nas redes sociais as músicas novas Born This Way, Judas e The Edge of Glory e seus respectivos vídeos. O resultado veio do jeito que ela esperava: Born This Way, faixa que nomeia o álbum, por exemplo, bombou imediatamente. É o single que mais rapidamente chegou a 1 milhão de cópias vendidas.

Em redes sociais, aliás, ela é imbatível. Dias atrás, tornou-se a primeira celebridade com mais de 10 milhões de seguidores no Twitter, ultrapassando Justin Bieber, que possui 9,6 milhões. Claro que Gaga comemorou tuitando. “Estou sem palavras, conseguimos! É uma doença o tanto que amo vocês”, escreveu.

Premiada três vezes com o Grammy este ano, Gaga causou também com o clipe do iconoclasta Judas. Como a  Madonna de Like a Prayer (1989), gerou uma celeuma entre o clero. “Ninguém disse que só os sacerdotes e as freiras têm o direito de expressar uma opinião sobre os Evangelhos. O artista tem pleno direito de usar simbolismos religiosos para transmitir uma mensagem”, provocou.

A justificativa gerou tanto barulho quanto as imagens dela vestida de Maria Madalena heavy metal na garupa de um Judas com pegada de integrante de uma das gangues latinas do Bronx. “Meu vídeo fala de perdão, sobre como Jesus perdoou Judas, que tinha lhe traído”, disse.

Quem é Gaga? Bem-humorada; espalhafatosa; desavergonhada; polêmica; discípula de Madonna, David Bowie, Andy Warhol, Grace Jones e Cher; ícone da cultura gay; admiradora da dance music e dos freaks da noite nova-iorquina.

Quem é Lady Gaga?
“O maior equívoco sobre mim é pensar que eu sou um personagem ou uma persona. Que, quando as luzes e câmeras desligarem, vou me transformar em uma abóbora. Eu faço música, arte e design durante todo o dia. Sim, eu lavo a cara e vou dormir, mas quando eu acordo, sou sempre Lady Gaga”, responde.

Para entendê-la melhor é preciso saber que ela cresceu numa área abastada de Manhattan, onde tudo era possível acontecer. Só para se ter uma ideia, Gaga estudou no mesmo colégio de Paris Hilton. Ou seja, sempre teve autoestima lá em cima. Até mesmo quando bateu cabeça em Los Angeles e em Nova York no início da carreira. Sempre soube o que queria.

“Posso afirmar que sou mestre da arte da fama e me preparei para ela. Desde a adolescência me visto e falo como se fosse uma estrela do showbiz. E deu certo”, garante. Não se pode negar, de fato, que Lady Gaga será eterna enquanto durar. 
Crítica po Hagamenon Brito
A imagem é ousada, mas o disco não

Um dos fatores que transformaram Madonna em um ícone, na mulher mais bem-sucedida da história da música pop, é que ela não era ousada só na exposição e na manipulação de sua imagem na mídia. Musicalmente, sabia captar o espírito do seu tempo e lançar tendências.

Madonna Louise Veronica Ciccone, 52 anos, é a maior influência de Stefani Joanne Angelina Germanotta, 25. Só que, diferentemente da rainha-mãe, Gaga dá mostra precoce em Born This Way (Sony), seu terceiro disco (e segundo de estúdio), de que seu choque visual é mais ousado do que a sua música. 

Embora não tenha canções tão poderosas como Poker Face e Just Dance (ambos de Fame, de 2008), o disco tem força  pop suficiente para garantir o reinado de Lady Gaga até o fim do ano, com músicas influenciadas pelo dance europeu e até pelo rock estradeiro americano (caso da baladona You and I), além de afagos no público latino (Americano) e alemão (Scheisse).

Mas, de modo geral, com seus vocais, guitarras e sintetizadores, Born This Way evoca algum lugar estético entre o final dos anos 80 e o começo dos 90. Musicalmente, não corresponde à imagem extravagante e ousada de Lady Gaga. Femme Fatale, da hoje comportada Britney Spears, por exemplo, é melhor e mais arrojado como trabalho pop dance.

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