22/05/2011

Saiba mais sobre a trajetória de Irmã Dulce

Cerca de 70 mil fiéis estão prontos para a beatificação da Irmã Dulce, em Salvador, na Bahia. Os portões foram abertos ao meio-dia e a cerimônia começa às 17h.

O espetáculo "Nasce uma Flor" é uma das atrações, que ocorre às 14h, para contar em forma de dança, música e teatro, alguns momentos da trajetória de Irmã Dulce. A peça reúne cerca de 500 alunos do CESA (Centro Educacional Santo Antônio).

A celebração canônica começa efetivamente às 17h, quando uma missa será rezada, seguida do roteiro litúrgico do Rito de Beatificação do Vaticano. Aproximadamente 500 religiosos comparecerão à cerimônia. O cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo representará o Papa Bento 16 e presidiará o evento.

Trajetória

Irmã Dulce, que ao nascer recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, era filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes.

Aos 13 anos, depois de visitar áreas carentes, acompanhada por uma tia, ela começou a manifestar o desejo de se dedicar à vida religiosa.

Com o consentimento da família e o apoio da irmã Dulcinha, foi transformando a casa da família num centro de atendimento a pessoas necessitadas.

Em 8 de fevereiro de 1933, logo após se formar professora, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 15 de agosto de 1934, aos 20 anos de idade, foi ordenada freira, recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe.

Sua primeira missão como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, na Cidade Baixa, em Salvador, região onde também dava assistência às comunidades pobres e onde viria a concentrar as principais atividades das Obras Sociais Irmã Dulce.

Em 1936, ela fundou a União Operária São Francisco. No ano seguinte, junto com Frei Hildebrando Kruthaup, abriu o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações. Em maio de 1939, irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e seus filhos.

No mesmo ano, por necessidade, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que recolhia nas ruas. Mas foi expulsa do lugar e teve que peregrinar durante uma década, instalando os doentes em vários lugares, até transformar em albergue o galinheiro do Convento Santo Antônio, que mais tarde deu origem ao Hospital Santo Antônio, centro de um complexo médico, social e educacional que continua atendendo aos pobres.

Considerada um "Anjo bom" pelo povo baiano, recebeu também o apoio de pessoas de outros estados brasileiros e de personalidades internacionais. Mesmo com a saúde frágil, ela construiu e manteve uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país.

Em 1988, irmã Dulce foi indicada pelo então presidente José Sarney, com o apoio da rainha Silvia da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouviu do Papa João Paulo 2o, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua obra.

Os dois voltariam a se encontrar em 20 de outubro de 1991, na segunda visita do Papa ao Brasil, quando João Paulo 2o fez questão de ir ao Convento Santo Antônio visitar Irmã Dulce, já bastante enferma. Cinco meses depois, no dia 13 de março de 1992, Irmã Dulce morreu, pouco antes de completar 78 anos. No ano 2000 foi distinguida pelo papa João Paulo 2o com o título de Serva de Deus.

O Milagre de Irmã Dulce


O Milagre protagonizado por Irmã Dulce que deu origem a sua beatificação aconteceu na Maternidade São José, localizada em Itabaiana, Sergipe. Cláudia Cristiane Santos de Araújo, a miraculada (nome dado a quem recebe a graça), se encontrava em trabalho de parto no dia 10 de janeiro de 2001, para dá a luz a seu segundo filho, Gabriel.

A criança nasce na madrugada do dia 11, sem problemas, no entanto, Cláudia corre risco de morte, após sofrer uma forte hemorragia. Durante 28 horas a equipe médica comandada pelo obstetra Antônio Cardoso Moura, tentou conter o sangramento e utilizou de todos os recursos disponíveis na maternidade. E mesmo com três cirurgias realizadas na mãe o sangramento não cessa. Os médicos fecharam o abdômen e conversaram com a família, informando que não há mais o que fazer.

Foi nesse momento que entrou em questão o padre José Almí de Menezes, que na época era capelão do Hospital de Emergência João Alves, localizado em Aracaju. Sabendo do estado de Cláudia foi visitá-la e foi nesse momento que ele conversou com ela. “Você precisa de um milagre para sobreviver e poder cuidar de seus filhos. Você acredita que Irmã Dulce possa interceder diante de Deus?”, perguntou o padre José Almí. Em resposta Claudia disse “acredito sim”. “Eu também. Vamos rezar”, complementou o padre.

José Almi ainda colou uma imagem da santa na ampola de soro antes de sair do local e iniciar um grupo de orações, pedindo a intercessão de Irmã Dulce em favor de Cláudia. Ele ainda enviou para a família da parturiente um pedaço de tecido do hábito (relíquia) que pertenceu à religiosa.

Contudo, após a corrente de orações e a conversa realizada pelo Padre com Cláudia e o pedido de intercessão de Irmã Dulce e sem nenhuma outra intervenção médica, a hemorragia subitamente pára e a paciente se recupera. Sendo um fato inexplicável do ponto de vista médico, e na madrugada do dia 12, ela pede para ver o filho.

E foi a partir desse fato que se deu início o processo instalado no Vaticano em janeiro de 2000 para beatificação da Irmã Dulce. Foi analisado por peritos médicos, religiosos e especialistas em processo canônico, o episódio tem validação jurídica emitida pela Santa Fé em junho de 2003 e é reconhecido como milagre pelo Papa Bento XVI em dezembro de 2010.

Antes da validação oficial pelo Vaticano, foi feito uma investigação pericial nas Obras Sociais de Irmã Dulce, que foi comandada pelo médico Sandro Barral e foi instaurado no Tribunal Eclesiástico na Arquidiocese de Aracaju, em janeiro de 2003, para análise dos testemunhos. O milagre ainda passou por três etapas de avaliação na Itália. A primeira uma reunião com peritos médicos, dando o aval científico, outra com teólogos e, finalmente, a aprovação final do colégio cardinalício, tendo sua autenticidade reconhecida de forma unânime em todos os estágios.

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