22/06/2011

"Chaves", o menino eterno da TV mexicana, faz 40 anos

Há 40 anos estreava na televisão mexicana "Chaves", um modesto programa de comédia que contava as aventuras de um menino órfão que morava em um barril, uma história que não parecia destinada ao sucesso, mas que se tornou um ícone da cultura latino-americana.

O primeiro episódio do personagem criado por Roberto Gómez Bolaños, que o interpretava, foi exibido em 20 de junho de 1971 e ficou no ar até 1995.

Apesar de que, desde então, não se voltaram a gravar episódios, quase "sem querer querendo" (uma de suas frases lapidares), ele se torno um dos personagens latino-americanos mais conhecidos no mundo.Seu autor, agora com 82 anos, recebe mensagens de cumprimento através de sua conta no microblog Twitter, aberta no fim de maio e que já tem um milhão de seguidores.

Os parabéns vêm sobretudo da América Latina, mas também em holandês (dirigidas ao 'De Jongen van Nummer 8'), e alemão (ao 'Der Junge aus der 8'), em português (Chaves) e até em japonês.

Graças à televisão via satélite, os episódios de "Chaves" e outros congêneres também criados pelo prolífico Bolaños, como a paródia de super-herói "Chapolim Colorado", atravessaram fronteiras.

Gómez Bolaños sempre interpretou "Chaves" no pátio de uma vizinhança pobre como os que abundam na Cidade do México, onde várias famílias compartilham instalações como banheiros, entrada e área de serviço, e onde o menino órfão se escondia em um barril para que ninguém o visse chorar.

Ao lado dele, seus companheiros também ganharam fama: María Antonieta de las Nieves no papel de 'Chiquinha'; Ramón Valdez, falecido em 1988, intérprete de Seu Madruga; Carlos Villagrán como 'Quico'; Rubén Aguirre, o 'professor Jirafales'; Edgar Vivar, o 'Nhonho', e a dona Florinda, interpretada pela mulher do autor, Florinda Meza.

A popularidade do programa é demonstrada pelo fato de que é um dos mais falsificados, segundo relatório publicado em maio no México. "Os informes nos mostram que o conteúdo latino-americano que mais é pirateado, o que mais é roubado, é o de Roberto Gómez Bolaños", destacou a Motion Pictures Associated (MPA).

"Chaves" - no original 'El Chavo del ocho', assim chamado por causa do canal de televisão onde foi exibido inicialmente - arrebatava na década de 1980, 350 milhões de telespectadores por semana, com traduções para mais de 50 idiomas e transmissões em países tão longínquos como China, Japão, Coreia, Tailândia, Marrocos, Grécia e Angola.

A acolhida abriu caminho para a criação de uma revista em quadrinhos, em 1974. Em 2006, a rede Televisa reviveu os personagens em um programa de desenho animado e este ano estreou, na Cidade do México, uma peça de teatro inspirada na história.

Apesar do sucesso no exterior, "Chaves", que nunca conseguiu dizer seu verdadeiro nome ou endereço porque sempre outro personagem o interrompia, desviando a conversa, nunca foi isento de críticas no México.

No começo, os setores mais abastados o consideravam pouco apto para as crianças e suspeitamente vinculado à cultura popular para ser educativo. "Mas 'Chaves' sempre defendeu valores como a honestidade, a solidariedade, a simplicidade", defendeu-se Gómez Bolaños, em entrevista concedida em 2005.

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