02/09/2011

Ministério do Esporte paga despesas do futebol profissional

Já havia escrito sobre isso, várias vezes. Mas diante da reportagem publicada hoje no jornal O Estado de S.Paulo, volto ao assunto.

Trata-se do convênio de R$ 6,2 milhões, entre o Ministério do Esporte e o Sindicato das Associações de Futebol Profissional, liderado pelo ex-cartola, Mustafá Contursi.

O dinheiro se destinará ao cadastramento de torcedores do estado de São Paulo, no projeto para combater violência nos estádios. O mesmo ocorrerá em outras regiões do país.

Não entro no mérito das denúncias do jornal, porque isso será trabalho para o Tribunal de Contas, Controladoria Geral da União ou da Polícia Federal, se for o caso.

Porém, registro outro fato gravíssimo no mesmo Ministério do Esporte, que é a destinação de verba pública para equipar estádios de futebol com circuitos fechados de TV, controle das torcidas.

Ora, isso é responsabilidade dos clubes! O Estatuto do Torcedor assim “determina”! O próprio ministério divulga a ordem em sua página oficial.

E porque os clubes não cumprem a lei, o governo gastará mais de R$ 100 milhões em equipamentos, instalações a manutenção?

Como o Ministério do Esporte explica o artigo 14 do Estatuto do Torcedor, que atribui aos clubes a responsabilidade pela segurança dos torcedores?

Afinal, em que nível está a autoridade de ministro Orlando Silva, que se curva diante da explícita desobediência da cartolagem, e age no seu lugar?

Enfim, como entender a presidente Dilma Rousseff, que exige rigor e limitações nos gastos públicos diante das dificuldades de caixa, mas na pasta do Esporte o esbanjar em área privada é possível? O Palácio do Planalto concorda com tais extravagâncias?

Mais:

Cabe ao Ministério do Esporte, um órgão do Poder Executivo Federal, se envolver com cadastro de torcedor de futebol?

A equipe do ministro Orlando não tem nada mais importante para se ocupar do que se meter num negócio que é exclusivo da iniciativa privada?

Não é prioritário elaborar uma política de esportes, definindo competências de municípios, estados, União, clubes, confederações etc, para dar um ordenamento mínimo às várias esferas que atuam no setor, e deixar o futebol cuidar de suas mazelas?

Ao cadastrar torcedor, o ministério não extrapola sua competência e invade responsabilidades de organismos específicos, como as secretarias de Segurança dos Estados?

O pior é constatar que, diante desses fatos, o Conselho Nacional do Esporte não se manifesta.

Agora vai.

Por José da Cruz

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