16/09/2011

Santo Amaro celebra os 104 anos de D. Canô


Uma militante das causas da cidade de Santo Amaro da Purificação, a 71 km de Salvador. Mãe que lutou pela felicidade dos filhos, não desistiu do direito de crescer e poder envelhecer em um sobrado do município de não mais de 80 mil habitantes, mesmo aos 104 anos.

Esta é Claudionor Viana Telles Velloso, a dona Canô. Mulher forte, de olhar sereno, que, às vésperas de completar um século e quatro anos de vida, comemorados nesta sexta-feira, 16, ainda tem força para reclamar ao A TARDE, ontem, da poluição do Rio Subaé, que corta a sua cidade natal.

A mãe de dois dos mais importantes representantes da música brasileira, Caetano Veloso e Maria Bethânia, não se diz vaidosa, mas não abre mão dos seus brincos e medalhinhas de santos. A aparência serena não conflita com o discurso de jovem ideologicamente resignada, o que justifica a popularidade. “Lutei por este Rio Subaé. Continua poluído!”, reclamou.

Este é um dos motivos pelos quais os moradores da cidade conseguem reconhecer o valor desta mulher. “Ela fazia festas com meu pai. É uma pessoa admirável, que tem uma cabeça maravilhosa. Lutou pela cidade e trata a todos nós com muito respeito.

Outro dia, passei na frente da casa de dona Canô e ela lembrou de mim: ‘É filha de Tertuliano Vigas’”, contou a aposentada Dete Vigas, 84. Mas os elogios à matriarca dos Vellosos não são comentários só dos representantes da terceira idade.

Crianças, adolescentes, adultos, a cada esquina alguém se orgulha dela. “Quando eu vou a Salvador e digo onde moro, me perguntam se é na terra de dona Canô. Ela apresentou Santo Amaro da Purificação ao mundo”, contou a dona de casa Janaína de Sousa Pinho, 35 anos.

“É a pessoa mais importante da cidade, completou a filha de Janaína, Clara de Sousa Pinho, 8. Não só nos discursos dos nativos se ouvem as referendas a dona Canô. A cidadezinha que ainda guarda na paisagem o pacato município de há 40 anos tem imagens da mãe de Caetano Veloso e Maria Betânia por todos os lados. “Não podia ser diferente. Ela fez muito pela cidade”, afirmou o aposentado Cláudio Soares, 60.

Conquistas - Não à toa, o teatro da cidade foi batizado com o nome dela. Teatro D. Canô, inaugurado há dez anos pelo governo do Estado da Bahia. Hoje com mais de 1.150 eventos realizados para mais de 30 mil visitantes, a casa de espetáculos tem fotos da história de vida de dona Canô por todos os lados.

“Graças a ela, foi possível a construção do teatro. A pedido dela, o então governador presenteou a cidade com este patrimônio”, ressaltou a coordenadora Virgínia Monteiro. Mulher simples, dona Canô nega ter sido responsável pela construção.

“Não fui eu não. ACM deu o presente à cidade. Disse que ia colocar o meu nome no teatro. Fui contra, mas ele fez mesmo assim. Era um homem bom”, assegurou. Ciente das limitações da idade, que a impedem de caminhar e a obrigam a passar parte do tempo na cama, a matriarca lembra saudosa: “Já trabalhei muito em casa e pela minha cidade”. Leia mais em A Tarde.

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