16/10/2011

Em Paris, G20 pressiona Europa por medidas anticrise

Reunidos em Paris, representantes das economias mais vistosas do planeta pressionaram a Europa a adotar providências para resolver sua crise.

Participaram do encontro ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais dos países do G20.

A pressão sobre a Comunidade Europeia ocorre uma semana antes de uma reunião do conselho integrado pelos líderes europeus, marcado para o próximo domingo (23).

Espera-se que, nessa reunião de cúpula, as economias mais ricas da Europa consigam alinhavar um plano consistente.

Algo capaz de evitar o calote da dívida da Grécia e conter a crise que, em efeito dominó, já dobra os joelhos de Portugal, Espanha, Irlanda e Itália.

Alemanha e França já haviam se comprometido a pôr em pé um plano. Mas, por ora, não vieram à luz senão promessas e compromissos vagos.

Há grande expectativa também quanto às medidas que serão adotadas para recapitalizar os bancos europeus, apinhados de papéis micados da Grécia.

Informa-se extra-oficialmente que o plano franco-alemão incluiria um pedido aos bancos que carregam o papelório grego para que pedoem parte da dívida.

Em julho, esses bancos já haviam aceitado absorver como perdas 21% dos seus créditos. Há dúvidas quanto à disposição de contabilizar novos prejuízos.

Bancos alemães avaliam que o melhor é reconhecer de uma vez a incapacidade da Grécia de honrar sua dívida.

Ao final da reunião do G20, divulgou-se um comunicado. Como já era esperado, o texto não traz pistas consistentes acerca do que está por vir.

O texto anota que o G20 espera por esforços “adicionais para maximizar o impacto do EFSF [sigla em inglês para Fundo Europeu de Estabilização Financeira].”

Esse fundo visa justamente prover recursos em montante capaz de evitar o contágio da crise grega sobre as demais economias do bloco do euro.

Voltou à mesa, em Paris, a ideia lançada pelos países emergentes de tonificar o paiol do FMI, dotando-o de munição para intervir na crise.

Em termos vagos, o comunicado anota que o G20 compromete-se a dotar o FMI de “recursos adequados”. Não foram mencionadas cifras.

Hoje, o FMI dispõe de algo como US$ 400 bilhões para prover eventuais socorros financeiros.

Países como Alemanha e, sobretudo, EUA resistem em elevar esse montante. Daí o texto vago do comunicado do G20. Não há consenso.

Um pedaço do grupo avalia que cabe à Europa providenciar as saídas para sua própria crise.

"Primeiro é preciso que os europeus resolvam seus problemas para depois nós entrarmos com os recursos", disse o ministro brasileiro Guido Mantega (Fazenda).

Mantega avalia que países como Brasil, China e Índia podem decidir voluntariamente por contribuir para o reforço às arcas do FMI. Exige-se, porém, contrapartida.

"Os países que quiserem colocar dinheiro podem, mas é claro que isso deve se traduzir em novas cotas [poder de voto no Fundo]”, afirmou Mantega.

Em comunicado individual, a China defendeu que os emergentes devem adotar medidas para conter a desaceleração de suas economias e conter a inflação.

No mesmo texto, a China cobrou dos países ricos pressa na resolução de suas debilidades fiscais e reformas que permitam a recuperação da economia global.

Em entrevista a um jornal alemão, o Euro am Sonntag, Mantega como que ecoou a China. Disse que o Brasil está pronto para adotar providências de autoproteção.

Medidas capazes de resguardar a economia brasileira em caso de recess na Europa e nos EUA. Mantega realçou o poder de fogo do mercado interno do Brasil.

"Somos menos dependentes das flutuações da economia internacional devido a nossa enorme e dinâmica demanda interna", disse ele.

"No entanto, naturalmente, tomaremos as medidas necessárias, seja com políticas vinculadas aos impostos ou à moeda, em caso de uma escalada da crise", repisou.

Os países do G20 voltam a se reunir em 3 e 4 de movembro, na cidade francesa de Cannes. Dessa vez, o encontro será de chefes de Estado.

Até lá, o mundo já saberá se a Europa foi capaz de mostrar, na cúpula do dia 23, a porta de saída para sua crise.

Uma encrenca que, irresolvida, pode transpor de maneira mais danosa as fronteiras da chamada zona do euro.

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