Apesar da melhora do Brasil na educação entre 2000 e 2009 - o país foi o terceiro com maior crescimento em pontos no ranking educacional da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) -, os jovens brasileiros ainda enfrentam muita dificuldade em matemática e ciências.
É possível chegar a essa conclusão analisando o Pisa, o relatório da OCDE que analisa a esituação do ensino de 64 diferentes países.
Em matemática, a maioria dos jovens brasileiros (69%) ficou abaixo do nível 2, considerado o mínimo para saber calcular. Isso significa que os estudantes não foram capazes de fazer contas simples, como multiplicação e divisão, nem resolver problemas de geometria, por exemplo.
Os 34 países membros da OCDE (a maioria deles desenvolvidos, como Alemanha, Reino Unido e EUA) se saem melhor do que o Brasil. Apenas um quarto dos alunos avaliados (25%) está abaixo do nível 2 em matemática, entre as nações que fazem parte do órgão internacional.
Em relação à Finlândia, primeiro lugar do ranking em matemática, apenas 7,8% dos jovens tiveram desempenho ruim. Por outro lado, 16,7% alcançaram nível considerado "top".
Cada nível equivale a uma etapa do aprendizado: quanto mais baixo, menos o estudante sabe.
No nível 2, os jovens aprenderam a usar informações básicas da área (seja matemática, ciências ou português), conseguindo executar tarefas comuns como contas e interpretação de texto.
No nível 5, os jovens são capazes de associar fórmulas de química e física para resolver problemas, construir hipóteses a partir teoremas matemáticos e retirar informações de vários trechos de textos, além de outras ações mais complicadas.
Uma pesquisa da ONG Todos Pela Educação, divulgada há um mês, já mostrava a dificuldade dos jovens brasileiros em matemática.
Mais de 85% dos estudantes do último ano do ensino fundamental e do ensino médio foram "reprovados" na área - tiveram nota ruim em matemática em um exame aplicado pelo MEC (Ministério da Educação).
Os problemas acontecem porque o aprendizado de matemática depende muito da escola, afirma Simon Schwartzman, presidente do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade). Ao comentar os dados da ONG, ele refletiu que, se a família fala bem o português, o aluno naturalmente vai se sair melhor na disciplina, que exige mais do aprendizado no dia a dia do que de bons laboratórios, por exemplo.
- Se ela [a escola] não ensina ou não funciona bem, o aluno não aprende [matemática].
Os estudantes brasileiros foram um pouco melhor em ciências, mas ainda assim mais da metade (54,2%) não conseguiu alcançar o nível 2, o básico de conhecimento exigido.
Os jovens são capazes apenas de entender princípios superficiais de química, biologia e física - eles entendem pouco de química orgânica e não sabem calcular o valor de um mol de oxigênio, por exemplo.
Dos 20 mil alunos brasileiros avaliados, apenas 0,6% atingem o nível 5, em que os jovens aprendem a pensar criticamente sobre o que estão estudando e são capazes de realizar operações complexas.
Melhor em português
Os jovens do Brasil também foram um pouco melhor em leitura e interpretação de texto - 27,1% chegaram ao mínimo exigido (nível 2). A maioria (71,6%) teve desempenho igual à média dos países emergentes, ficando entre os níveis 1a (melhor que o nível 1) e 3.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, avalia que a família tem papel essencial no desenvolvimento dos estudantes, em entrevista sobre o Pisa concedida na segunda-feira (6).
- Se a família tem um papel fundamental na educação, uma das variáveis que favorece a atenção da família a essa questão é justamente o bem estar, que é ter uma biblioteca, ter acesso à internet, ter acesso a jornal e a revistas, a livros.
Mais de 76% dos alunos colombianos ficaram na mesma situação que o Brasil em leitura, assim como 66,4% dos argentinos.
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